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Mais de 80% dos remanescentes da Mata Atlântica foram impactados pela atividade humana

Data:

Os pesquisadores estimaram as perdas de biodiversidade e biomassa no bioma usando dados de 1,819 inventários florestais. Em termos de armazenamento de carbono, as perdas correspondem à destruição de 70,000 km² de floresta

Um estudo brasileiro publicado (http://www.Nature.com /artigos /s41467-020-20217-w) na Nature Communications mostra que as atividades humanas direta ou indiretamente causaram perdas de biodiversidade e biomassa em mais de 80% dos fragmentos remanescentes da Mata Atlântica.

Segundo os autores, em termos de armazenamento de carbono, a erosão da biomassa corresponde à destruição de 70,000 quilômetros quadrados (km²) de floresta – quase 10 milhões de campos de futebol – ou US$ 2.3 bilhões a US$ 2.6 bilhões em créditos de carbono. “Esses números têm implicações diretas nos mecanismos de mitigação das mudanças climáticas”, afirmam no artigo.

Os remanescentes da Mata Atlântica no Brasil estão espalhados ao longo de sua longa costa. O bioma já cobria 15% do território brasileiro, totalizando 1,315,460 km². Restam apenas 20% da área original. Os fragmentos são de tamanhos variados e têm características diferentes.

Para estimar o impacto da atividade humana sobre esses remanescentes, os pesquisadores usaram dados de 1,819 inventários florestais realizados por diversos grupos de pesquisa.

“Esses inventários são uma espécie de censo de árvores. Os pesquisadores vão a campo e escolhem uma área para fazer o levantamento, normalmente de 100 metros por 100 metros. Todas as árvores encontradas neste perímetro são identificadas, analisadas e medidas”, disse Renato de Lima (https://por exemplo.fapesp.br /s /pesquisador/668300 /renato-augusto-ferreira-de-lima), pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e líder do estudo. “Compilamos todos os dados disponíveis na literatura científica e calculamos a perda média de biodiversidade e biomassa nos fragmentos estudados, que representam 1% do bioma. Em seguida, usamos métodos estatísticos para extrapolar os resultados para os fragmentos não estudados, assumindo que o impacto seria constante em todo o bioma Mata Atlântica.”

Após identificar as espécies arbóreas em um fragmento, os pesquisadores estimaram o tamanho de suas sementes e também o que chamam de “grupo ecológico ou sucessional”. Esses dois fatores indicam a saúde da floresta, segundo Lima. “Existem plantas resistentes que requerem poucos recursos locais e podem crescer em terrenos baldios, pastagens, bordas de florestas, etc. São conhecidas como espécies pioneiras. Um exemplo brasileiro é o jacarandá Ambay [Cecropia pachystachya]”, disse.

Espécies de árvores pioneiras tendem a produzir sementes de tamanho menor, mas em grande número, porque cada semente tem uma chance muito pequena de germinar. No extremo oposto estão as espécies clímax que florescem apenas em ambientes favoráveis, como o pau-brasil (Paubrasilia echinata) ou várias espécies do gênero Ocotea. Essas árvores produzem sementes maiores com um estoque substancial de nutrientes.

“Esse tipo de semente exige um investimento mais pesado da matriz em termos de energia”, disse Lima. “As áreas nas quais as espécies clímax estão presentes normalmente abrigam uma fauna mais diversificada, portanto, servem como um marcador da qualidade geral da floresta. Áreas em que predominam espécies pioneiras provavelmente foram perturbadas no passado recente”.

O grupo do IB-USP se propôs a mostrar como a perda de espécies tardias da sucessão se correlacionava com a perda geral de biodiversidade e também com a perda de biomassa, que representa a redução da capacidade da floresta de armazenar carbono e manter esse gás de efeito estufa fora da atmosfera. Eles descobriram que os fragmentos florestais estudados têm 25%-32% menos biomassa, 23%-31% menos espécies de árvores e 33%-42% menos indivíduos pertencentes a espécies endêmicas, de sementes grandes e de sucessão tardia.

A análise também mostrou que a biodiversidade e a erosão da biomassa foram menores em unidades de conservação de proteção integral, especialmente as de grande porte. “Quanto menor o fragmento florestal e maior a área de borda, mais fácil é para as pessoas acessarem e perturbarem o remanescente”, disse Lima.

Do lado positivo, as áreas florestais degradadas podem recuperar sua capacidade de armazenamento de carbono se forem restauradas. “Combater o desmatamento e restaurar áreas abertas totalmente degradadas, como pastagens, tem sido um grande foco. Essas duas estratégias são muito importantes, mas não devemos esquecer os fragmentos no meio”, disse Lima.

Segundo Paulo Inácio Prado (https:///por exemplo.fapesp.br /s /pesquisador/3487 /paulo-inacio-de-knegt-lopez-de-prado), professor do IB-USP e último autor do estudo, remanescentes florestais restaurados podem atrair bilhões de dólares em investimentos relacionados aos créditos de carbono. “Florestas degradadas não devem mais ser consideradas um passivo. São uma oportunidade de atrair investimentos, gerar empregos e conservar o que ainda resta da Mata Atlântica”, afirmou.

Lima acredita que essa pode ser uma estratégia atraente para proprietários de áreas protegidas do bioma. “Não há necessidade de reduzir a quantidade de terra arável disponível. Em vez disso, deveríamos aumentar a biomassa nos fragmentos florestais, recuperando parte do custo da restauração na forma de créditos de carbono”, afirmou. “Não haverá futuro para a Mata Atlântica sem os donos de propriedades privadas. Apenas 9% dos fragmentos florestais remanescentes estão em terras estatais.”

banco de dados

Segundo Lima, o estudo começou durante sua pesquisa de pós-doutorado, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (https://por exemplo.fapesp.br /s /bolsas/145695) e supervisionado por Prado. O objetivo foi identificar os principais fatores que determinam a perda de biodiversidade e biomassa em remanescentes de Mata Atlântica. “Descobrimos que a ação humana é um fator importante”, disse ele. “Consideramos atividades como exploração madeireira, caça e invasão de espécies exóticas, além dos efeitos indiretos da fragmentação da floresta.”

Os dados obtidos dos 1,819 inventários florestais utilizados na pesquisa estão armazenados em um repositório chamado TreeCo (http://labtrop.eu.usp.br /ok.php?id=projetos:treeco:start), abreviação de Comunidades de Árvores Neotropicais. Lima desenvolveu o banco de dados durante seu pós-doutorado e ainda o administra. Seu conteúdo está descrito em artigo publicado na Biodiversity and Conservation (https://link.saltador.com /artigo/10.1007 /s10531-015-0953-1). Está aberto a outros grupos de pesquisa interessados ​​em compartilhar dados sobre florestas neotropicais.

“O repositório se tornou um subproduto do meu projeto de pós-doutorado e mais de dez doutorandos e mestres o utilizam em suas pesquisas”, disse Lima.

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Um estudo brasileiro publicado in Natureza das Comunicações mostra que as atividades antrópicas têm causado, direta ou indiretamente, perdas de biodiversidade e biomassa em mais de 80% dos fragmentos remanescentes da Mata Atlântica.

Segundo os autores, em termos de armazenamento de carbono, a erosão da biomassa corresponde à destruição de 70,000 quilômetros quadrados (km²) de floresta – quase 10 milhões de campos de futebol – ou US$ 2.3 bilhões a US$ 2.6 bilhões em créditos de carbono. “Esses números têm implicações diretas nos mecanismos de mitigação das mudanças climáticas”, afirmam no artigo.

Os remanescentes da Mata Atlântica no Brasil estão espalhados ao longo de sua longa costa. O bioma já cobria 15% do território brasileiro, totalizando 1,315,460 km². Restam apenas 20% da área original. Os fragmentos são de tamanhos variados e têm características diferentes.

Para estimar o impacto da atividade humana sobre esses remanescentes, os pesquisadores usaram dados de 1,819 inventários florestais realizados por diversos grupos de pesquisa.

“Esses inventários são uma espécie de censo de árvores. Os pesquisadores vão a campo e escolhem uma área para fazer o levantamento, normalmente de 100 metros por 100 metros. Todas as árvores encontradas neste perímetro são identificadas, analisadas e medidas”, disse Renato de Lima, pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e líder do estudo. “Compilamos todos os dados disponíveis na literatura científica e calculamos a perda média de biodiversidade e biomassa nos fragmentos estudados, que representam 1% do bioma. Em seguida, usamos métodos estatísticos para extrapolar os resultados para os fragmentos não estudados, assumindo que o impacto seria constante em todo o bioma Mata Atlântica.”

Após identificar as espécies arbóreas em um fragmento, os pesquisadores estimaram o tamanho de suas sementes e também o que chamam de “grupo ecológico ou sucessional”. Esses dois fatores indicam a saúde da floresta, segundo Lima. “Existem plantas resistentes que requerem poucos recursos locais e podem crescer em terrenos baldios, pastagens, bordas de florestas, etc. São conhecidas como espécies pioneiras. Um exemplo brasileiro é o jacarandá Ambay [Cecropia pachystachya]," ele disse.

Espécies de árvores pioneiras tendem a produzir sementes de tamanho menor, mas em grande número, porque cada semente tem uma chance muito pequena de germinar. No extremo oposto estão as espécies clímax que florescem apenas em ambientes favoráveis, como o pau-brasil (paubrasilia echinata) ou várias espécies do gênero ocotea. Essas árvores produzem sementes maiores com um estoque substancial de nutrientes.

“Esse tipo de semente exige um investimento mais pesado da matriz em termos de energia”, disse Lima. “As áreas nas quais as espécies clímax estão presentes normalmente abrigam uma fauna mais diversificada, portanto, servem como um marcador da qualidade geral da floresta. Áreas em que predominam espécies pioneiras provavelmente foram perturbadas no passado recente”.

O grupo do IB-USP se propôs a mostrar como a perda de espécies tardias da sucessão se correlacionava com a perda geral de biodiversidade e também com a perda de biomassa, que representa a redução da capacidade da floresta de armazenar carbono e manter esse gás de efeito estufa fora da atmosfera. Eles descobriram que os fragmentos florestais estudados têm 25%-32% menos biomassa, 23%-31% menos espécies de árvores e 33%-42% menos indivíduos pertencentes a espécies endêmicas, de sementes grandes e de sucessão tardia.

A análise também mostrou que a biodiversidade e a erosão da biomassa foram menores em unidades de conservação de proteção integral, especialmente as de grande porte. “Quanto menor o fragmento florestal e maior a área de borda, mais fácil é para as pessoas acessarem e perturbarem o remanescente”, disse Lima.

Do lado positivo, as áreas florestais degradadas podem recuperar sua capacidade de armazenamento de carbono se forem restauradas. “Combater o desmatamento e restaurar áreas abertas totalmente degradadas, como pastagens, tem sido um grande foco. Essas duas estratégias são muito importantes, mas não devemos esquecer os fragmentos no meio”, disse Lima.

De acordo com o Paulo Inácio Prado, professor do IB-USP e último autor do estudo, remanescentes florestais restaurados podem atrair bilhões de dólares em investimentos relacionados a créditos de carbono. “Florestas degradadas não devem mais ser consideradas um passivo. São uma oportunidade de atrair investimentos, gerar empregos e conservar o que ainda resta da Mata Atlântica”, afirmou.

Lima acredita que essa pode ser uma estratégia atraente para proprietários de áreas protegidas do bioma. “Não há necessidade de reduzir a quantidade de terra arável disponível. Em vez disso, deveríamos aumentar a biomassa nos fragmentos florestais, recuperando parte do custo da restauração na forma de créditos de carbono”, afirmou. “Não haverá futuro para a Mata Atlântica sem os donos de propriedades privadas. Apenas 9% dos fragmentos florestais remanescentes estão em terras estatais.”

banco de dados

Segundo Lima, o estudo começou durante seu pós-doutorado, que apoiado pela FAPESP e supervisionado por Prado. O objetivo foi identificar os principais fatores que determinam a perda de biodiversidade e biomassa em remanescentes de Mata Atlântica. “Descobrimos que a ação humana é um fator importante”, disse ele. “Consideramos atividades como exploração madeireira, caça e invasão de espécies exóticas, além dos efeitos indiretos da fragmentação da floresta.”

Os dados obtidos dos 1,819 inventários florestais utilizados na pesquisa estão armazenados em um repositório denominado TreeCo, abreviação de Comunidades de Árvores Neotropicais. Lima desenvolveu o banco de dados durante seu pós-doutorado e ainda o administra. Seu conteúdo está descrito em artigo publicado na Biodiversity and Conservation. Está aberto a outros grupos de pesquisa interessados ​​em compartilhar dados sobre florestas neotropicais.

“O repositório se tornou um subproduto do meu projeto de pós-doutorado e mais de dez doutorandos e mestres o utilizam em suas pesquisas”, disse Lima.

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Sobre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é uma instituição pública com a missão de apoiar a pesquisa científica em todas as áreas do conhecimento, por meio da concessão de bolsas, bolsas de estudo e bolsas a pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior e pesquisa do Estado de São Paulo. A FAPESP sabe que as melhores pesquisas só podem ser feitas trabalhando com os melhores pesquisadores do exterior. Portanto, estabeleceu parcerias com agências de fomento, ensino superior, empresas privadas e organizações de pesquisa em outros países conhecidos pela qualidade de suas pesquisas e tem incentivado cientistas financiados por suas doações a desenvolver ainda mais sua colaboração internacional. Você pode saber mais sobre a FAPESP em http: // www.fapesp.br /pt e visite a agência de notícias FAPESP em http: // www.agência.fapesp.br /pt para se manter atualizado com os últimos avanços científicos que a FAPESP ajuda a alcançar por meio de seus diversos programas, prêmios e centros de pesquisa. Você também pode assinar a agência de notícias FAPESP em http: // agencia.fapesp.br /se inscrever.

Fonte: https://bioengineer.org/over-80-of-atlantic-rainforest-remnants-have-been-impacted-by-human-activity/

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